quando ele fosse capaz de desejar, mas não de falar. Será que eu me
veria constrangida a usar um intérprete? E o que seria de nós, quando
não houvesse nenhum por perto?
Quando Kevo era pequeno, demos nosso jeito. Não lembro como, mas
nunca lembrei de escrever sobre. Mas a cena de agora merece ser
descrita.
Estava sentada no computador. Mariles, que tem 14 meses e não fala
ainda, veio engatinhando em minha direção. Ficou em pé e me chamou, uma
de suas únicas palavras claras. Puxou-me até o berço e colocou minha mão
na direção do interior. Peguei-a no colo. Coloquei-a no berço. Ela riu, feliz. Eu também ri:
de alegria de das minhas preocupações imaturas de antes.
***
Passeamos de carrinho. Em determinado ponto, ela diz "aqui, aqui, aqui".
Antes, fazia algo como "an, an, an!". Paramos. Coloco minha mão sobre
sua mão. Ela aponta o dedinho. Sigo na direção. Encontro vários objetos:
um brinquedo, uma mamadeira de água. Dou o brinquedo. Ela o atira longe.
Dou a mamadeira. Ela ri. Estamos juntas nisso.
***
Estou comendo um bolo. Ela dá gritinhos que me fazem pensar que ela
também quer. Colocada na cadeira, começo a lhe dar na boca. Até que ela
começa a sacudir a cabeça e a não abrir mais a boquinha. Está saciada.