Um detalhe é motivante de tudo isso: eu sou cega. Esse é um aspecto
concreto e muito improvável de ser modificado, um dia. Podem encontrar
termos grandiloquentes, imponentes, maquiados, politicamente corretos ou
incorretos, mas nada muda o fato central, o que não é obrigatoriamente
ruim.
Mas note que a questão começa e termina aí. Eu sou cega. Fim. Não há
nada de errado com minhas pernas, com meus ouvidos, e menos ainda com o
meu cérebro. Eu penso muito bem. Podem não ser sempre coisas boas e
certas, mas definitivamente eu consigo raciocinar, concatenar as idéias,
alinhar paradigmas.
Não sou santa. Posso mentir, se quiser. Posso caluniar. Posso fazer
péssimos julgamentos sem nenhuma base, então, definitivamente, não sou
santa.
Claro, tenho o compromisso de progredir sempre, de aprender com meus
erros, de fazer de mim mesma uma pessoa melhor, mais humana, mais
responsável e mais digna, mas, absolutamente, não estou sequer na metade
desse processo. Então, deixemos os extremos, as fantasias e os
preconceitos e cheguemos aos fatos. Eu sou cega. E humana. Um fato não
exlui o outro. Eles apenas se completam.
Do mesmo modo que existem humanos idiotas, humanos geniais, humanos
cadeirantes, humanos medíocres, humanos sentimentais, humanos
"umbigocÊntricos", existem humanos cegos - que podem, ou não, serem todas
essas coisas apontadas logo ali. Mas o essencial que preciso expressar,
é que a cegueira não traz, nem a incapacidade absoluta, nem a santidade
instantânea, nem a burrice extrema, nem nada disso. É simplesmente uma
característica, uma limitação que pode ou não ter um caráter realmente
limitante. A cegueira é o que o cego faz dela. Nós ainda temos escolha.
Temos harbítrio. Temos a chance de sair de nós mesmos e ir além de
falta de visão; do mesmo modo, podemos nos enterrar em nossos problemas
e lamentar o nosso nascimento, as mazelas sociais e a existência de
Deus, como qualquer pessoa normal.

Bem-vindos ao "Diário de uma cega""

terça-feira, 13 de julho de 2010

Fazer as unhas

Não sei bem porquê, decidi começar a fazer minhas unhas em casa. Nunca tinha ligado para isso, menos ainda querido fazer sozinha, mas comprei os itens todos e fui em frente. Infelizmente eu menti que tinha feito um curso, que sabia o que estava fazendo. Mentira. O fato é que estava com medo de ser contaminada pelos receios das outraas pessoas e quis resguardar a empreitada. Oxalá o sucesso da experiência me anime a tentar o inédito sem esse tipo de historinha totalmente desnecessária. O fato é que foi instintivo. Eu simplesnebte sabia o que fazer, afinal, não é difícil.

Saudo geral: 3 semanas e um bife caprichado. O ruim é que comprei 5 alicates até me adaptar a um, mas nada é perfeito.
A propósito, se alguma eventual leitora deste blog quiser se aventurar, possuo quatro alicates para doação por cecogramaL uma pinsa que nunca foi usaada, um esmalte vermelho goiaba que eu comprei pensando que era vermelho original e um potinho de lencinhos removedores de esmaltes que eu comprei, para depois ver que a bendita acetona me dava mais noção do resultado.. Quem quiser aprender a colocar unhas postiças sozinho e sem colar até os pensamentos, também ajudo.

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